Nos últimos anos, muito tem se falado sobre TDAH, sigla para Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Em jornais, programas de TV, podcasts, séries, filmes e nas redes sociais o assunto já foi abordado, mostrando que a informação sobre a condição está cada vez mais acessível. 

Segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), a condição afeta cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil. Mas apesar do número, ainda há particularidades do TDAH pouco conhecidas pelos brasileiros. 

Pesquisas apontam que o TDAH pode vir associado a outras condições, como a Síndrome de Tourette e o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por isso, é aconselhável que a paciente busque o apoio profissional em um núcleo de neuroaprendizagem para obter o tratamento adequado e multiprofissional, conforme as especificidades do diagnóstico. 

Segundo o Ministério da Saúde, as pessoas com o TDAH podem apresentar uma variedade de comorbidades, como enfermidades médicas ou transtornos mentais, simultaneamente. Dados divulgados pela ABDA mostram que 70% das crianças com esta condição apresentam outra comorbidade e, pelo menos, 10% têm três ou mais comorbidades. 

Entre as doenças relacionadas está a Síndrome de Tourette, conforme informações da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A instituição reuniu dados do Centro para Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos que mostram que 63% das pessoas diagnosticadas com Tourette também têm TDAH. 

Ainda segundo a PUC-Rio, aproximadamente, 85% dos acometidos pela Síndrome de Tourette também apresentam outras enfermidades neurológicas, como Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

Estudos desenvolvidos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam que o TDAH e o TEA podem coexistir. Porém, os sintomas da primeira condição tendem a se sobressair. 

TDAH e TEA têm tratamentos que buscam minimizar os problemas que os sintomas podem trazer. A recomendação é que, ao perceber os primeiros indícios, ainda na infância, os pais ou responsáveis pela criança busquem apoio em uma clínica de neurodesenvolvimento. 

Nesse tipo de espaço, a pessoa recebe o acompanhamento especializado e direcionado, contando com o suporte de médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, pedagogos e outros profissionais. 

TDAH, Síndrome de Tourette e TEA: como se manifestam

Segundo a diretora do núcleo de neuro aprendizagem do Espaço Cel, Gabriela Cardoso, o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode ser apresentado desde o  nascimento ou desenvolvido logo depois. Os primeiros sinais da condição costumam ser percebidos antes dos quatro anos. 

A profissional aponta que as crianças com TDAH tendem a ter dificuldades com a atenção prolongada, a concentração e a capacidade de concluir tarefas. Além disso, costumam ser hiperativas e impulsivas. Apesar disso, o transtorno pode não interferir significativamente no desempenho acadêmico e social. 

A Síndrome de Tourette é uma condição considerada rara, com incidência de 150 mil diagnósticos por ano. De acordo com o Ministério da Saúde, ela se manifesta na infância e na adolescência, sendo caracterizada pela ocorrência de tiques vocais e motores múltiplos combinados. 

Os tiques, também chamados de cacoetes, podem ser piscadas, rodopios, gestos, palavras e sons emitidos de forma involuntária e incontrolável. A falta de controle sobre esse comportamento costuma provocar estresse às pessoas acometidas, que podem ser vistas como mal-educadas por quem não conhece a condição. 

Já o TEA, conforme explica o diretor do núcleo de Autismo do Espaço Cel, Dyego Oliveira, é um transtorno que afeta as habilidades de comunicação e interação social. Também chamado apenas de autismo, costuma se manifestar durante a primeira infância com padrões de comportamento, interesses fixos e hipersensibilidade.