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Curitiba,25/04/2024

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O motivo oculto que afeta as classes socioeconômicas mais baixas do Brasil

A falta de inclusão financeira do Brasil ainda tem mais impacto para populações do Norte, Nordeste e para os negros

O novo coronavírus chegou ao Brasil trazido por pessoas da classe alta, que fizeram viagens internacionais e foram infectadas no exterior. Um dos primeiros casos no país foi o de um homem de 61 anos, morador de São Paulo, que passou duas semanas na Itália em fevereiro.


O quadro do vírus rapidamente evoluiu, prejudicando desproporcionalmente as classes mais baixas, e existem quatro razões pelas quais a Covid-19 é mais mortal para os brasileiros mais pobres. Em primeiro lugar, essas pessoas têm maior probabilidade de apresentar problemas de saúde. Além disso, as classes mais baixas têm, proporcionalmente, mais comorbidades como obesidade, hipertensão e diabetes, segundo estudo publicado pelas economistas Luiza Nassif Pires, da Bard College, nos Estados Unidos, e Laura Carvalho, da USP, e pela médica e pesquisadora Laura de Lima Xavier, da Universidade de Harvard.


A segunda razão é razoavelmente óbvia. As classes socioeconômicas mais baixas têm menos probabilidade de se isolar trabalhando remotamente em casa, já que aproximadamente 75% dos brasileiros em idade ativa podem perder o emprego ficando em casa. Esses números também são mais graves nos estados mais pobres. Na região Norte, para cada trabalhador capaz de realizar um trabalho em regime de home office, há cinco que desempenham funções presenciais. No Sudeste, a proporção é de 1 para 3. 


Paralelamente, a terceira causa mostra que são eles que têm menos acesso a cuidados médicos de qualidade. Dados do Ministério da Saúde apontam, por exemplo, que a desigualdade também atinge a política de testes no Brasil. Até maio, apenas 52,8% dos casos foram confirmados por laboratórios públicos. O restante foi confirmado por laboratórios privados, com serviços muito caros para as classes mais baixas.


A quarta causa, oculta e pouco discutida, é menos óbvia - falta de acesso ao sistema financeiro. A inclusão financeira permite que as pessoas comprem produtos essenciais online a partir da segurança de suas casas. Eles adquirem bens e serviços on-line de fontes como iFood, Carrefour e Casas Bahia. Eles não fazem fila com outras pessoas nas lotéricas para pagar boletos. Aqueles sem contas bancárias devem comprar e pagar as contas pessoalmente - normalmente em ambientes fechados enquanto encontram outras pessoas que podem ter Covid-19. 


Dados do alt.bank, fintech que oferece conta digital 100% gratuita lançada no Brasil em outubro de 2019, demonstram a alta correlação entre elevadas taxas de mortalidade por Covid-19 e falta de acesso a serviços bancários.


Um estudo publicado pela The Lancet em 2 de julho destaca que as regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas pelo novo coronavírus. Essas regiões também são as regiões com as maiores porcentagens de adultos desbancarizados, com 40% e 37% da população não bancarizada, respectivamente, de acordo com os dados do alt.bank. 


O artigo publicado na The Lancet também afirma que é necessário um esforço urgente por parte das autoridades brasileiras para considerar como a resposta nacional à Covid-19 pode proteger melhor os brasileiros pardos e negros, bem como a população dos estados mais pobres da federação, do risco de morrer de Covid-19. A pesquisa mostra que mais da metade dos negros (55%) internados em hospitais no Brasil com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), com confirmação de Covid-19, morreram. Em comparação, apenas 38% da população branca em situação similar perderam suas vidas, o que significa que os negros admitidos nas mesmas condições têm 47% mais chances de vir a óbito. Não por acaso, 69% dos brasileiros sem banco são negros, de acordo com dados do Instituto Locomotiva.


“Todos os fatores estão relacionados entre si e também são conectados com aumento de mortes devido ao novo coronavírus. Quando avaliamos as taxas de desbancarizados no Brasil, a correlação é clara: aqueles que são excluídos do sistema financeiro sofrem desproporcionalmente de Covid-19”, afirma Fabio Silva, diretor-geral do alt.bank no Brasil.


Mulheres mais vulneráveis durante a pandemia da Covid-19


De acordo com o Center for Financial Inclusion, a inclusão financeira tem um papel importante a desempenhar na mitigação dos danos da Covid-19 às mulheres.


Sua pesquisa mostra que as mulheres correm maior risco de ficarem inseguras em relação à falta de alimentos. Em tempos difíceis, como a atual pandemia, é mais provável que elas reduzam o consumo de alimentos para deixar o suficiente para homens e meninos. No entanto, o acesso a serviços financeiros seguros tem o potencial de promover o empoderamento das mulheres e promover a segurança alimentar.


“As mulheres com contas bancárias provavelmente terão maior poder de barganha para alocar mais recursos domésticos para a compra de alimentos nutritivos. Cada vez mais, muitos doadores e formuladores de políticas reconhecem a necessidade de transferir renda para as mulheres como uma abordagem para combater a insegurança alimentar. Isso fornece uma via de acesso para serviços financeiros digitais, melhorando a conveniência e a confidencialidade desses pagamentos”, diz Fabio Silva.


Sobre o alt.bank

alt.bank é o nome comercial da DigiCash do Brasil LTDA, fintech que oferece conta digital 100% gratuita, com sede em São Paulo. A empresa é parceira do Banco Central do Brasil através de seu Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT). O alt.bank foi lançado em outubro de 2019 com a missão de melhorar a vida de milhões de brasileiros via inclusão financeira. A companhia agora atende a mais de 100.000 membros por meio de operações em São Paulo, São Carlos e Londres.




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