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Curitiba,19/04/2024

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Encontro de lideranças articula criação de Plano Ferroviário Paranaense

Representantes do setor produtivo, operadores de ferrovias, poder público e empresas de engenharia se unem para elaborar projeto que vai tornar a malha ferroviária do estado mais eficiente


Encontro de lideranças articula criação de Plano Ferroviário Paranaense Crédito da foto: Gilson Abreu

Um grupo formado por representantes de entidades do setor produtivo, concessionárias das ferrovias (Rumo e Ferroeste), do governo estadual e de empresas de engenharia e projetos na área de infraestrutura quer discutir uma nova metodologia para um projeto que visa melhorar as ferrovias do estado: o Plano Ferroviário Paranaense. O objetivo é adotar um novo modal para fazer o transporte de cargas, com logística mais eficiente e tarifas mais baixas, para tornar o Paraná mais competitivo.

De acordo com informações do Porto de Paranaguá, em 2020, o terminal deve operar 54 milhões de toneladas de cargas. E, até 2030, estima-se que a quantidade deve ultrapassar os 75 milhões. Hoje, só 20% das cargas são movimentadas por trem, enquanto 80% restantes são levadas por caminhões. Diante das previsões, uma melhor logística no estado e o desenvolvimento de um novo modal para fazer o escoamento de produtos é fundamental. Mas as ferrovias paranaenses têm capacidade limitada e alguns gargalos precisam ser resolvidos com prioridade.

Um entre Guarapuava e Curitiba, e na Serra do Mar, entre a capital e Paranaguá, onde a velocidade das locomotivas fica muito lenta, abaixo dos 15 km/hora. Um outro ponto envolve uma questão de rentabilidade, no trecho entre Cascavel e Guarapuava, operado pela Ferroeste. A partir de Guarapuava, a ferrovia passa ser controlada pela Rumo, que prioriza, em função de um menor custo operacional, cargas vindas de Maringá e Londrina, dificultando o escoamento de produtos da região Oeste do estado. Atualmente, 95% da produção do Oeste paranaense chega ao Porto de Paranaguá por caminhões.

O transporte de cargas por trens reduziria custos com frete e pedágio, descongestionaria as rodovias que cortam o estado, diminuindo o risco de acidentes e oferecendo mais segurança aos usuários. Outra vantagem é a diminuição no impacto ambiental, com emissão de menos poluentes na atmosfera. “O transporte por caminhões continuaria sendo utilizado, porém para fazer prioritariamente o transporte em curtas distâncias, por exemplo, das indústrias e cooperativas até as ferrovias”, explica o consultor de Infraestrutura da Fiep, João Arthur Mohr.

Outras alternativas, como a navegação por cabotagem - entre portos de um mesmo país –, e a horizontalização de cargas, que é circulação de outras mercadorias utilizando o modal ferroviário, também estão sendo avaliados no projeto.

Funcionamento

Pela proposta deste novo Plano Ferroviário Paranaense, estão sendo formados diferentes grupos de trabalho, divididos em três frentes, com metodologia definidas em curto, médio e longo prazos. A ideia é construir um modelo único de projeto que contemple todas as áreas envolvidas.

Um deles seria na área de modelagem, para definir a melhor forma de exploração das ferrovias, fazer estudos de origem e destino de cargas, avaliar a demanda e definir investimentos. Um segundo grupo vai debater questões ligadas à solução de gargalos, de engenharia, novos traçados e licenças ambientais. E um terceiro, temas regulatórios, questões de tarifas, monopólios, compartilhamento de linhas, concessões e licitações.

Agora em agosto, será marcado um primeiro encontro para debater o tema modelagem. “Também este mês temos prevista uma missão internacional, junto com representantes do governo federal, para as cidades de Washington e Chicago, nos Estados Unidos, e Montreal, no Canadá, para conhecermos melhor os sistemas de operação, segurança e comunicação das ferrovias, o modelo regulatório e de cobrança de tarifas nestas localidades”, adianta o coordenador do Conselho de Infraestrutura da Fiep, Edson Vasconcelos.

O presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, reforça que o momento é oportuno para a mobilização em torno do assunto. “Temos o poder público, tanto na esfera estadual quanto federal, disposto a investir em ferrovias. Também é necessário estancar a concorrência de outros estados e até de países vizinhos em oferecer alternativas logísticas mais acessíveis para escoamento de produtos paranaenses – em decorrência das dificuldades logísticas e do custo mais elevado dentro do estado. Tudo isso, somado ao alto custo e às dificuldades do transporte rodoviário, que compromete a competitividade das empresas paranaenses, torna imprescindível a união de esforços para aprimorar a infraestrutura ferroviária do estado”, defende.

O assessor especial do governo do Paraná, Luiz Henrique Fagundes, garante que o executivo está fortemente comprometido com o desenvolvimento e a melhora na infraestrutura do estado. “A situação atual já não suporta as demandas da sociedade e dos setores produtivos, muito menos as futuras necessidades. A superação da deficiência estrutural da atual malha ferroviária é de extrema importância para o desenvolvimento e terá especial atenção dentro de uma visão integrada, ambientalmente e socialmente responsável, e alinhada com as iniciativas de âmbito federal”, informou.

O superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, concorda que a aposta em um novo modal traria muitos benefícios para o agronegócio paranaense, cuja produção este ano atingiu a marca de 37 milhões de toneladas. “Com um volume de grãos tão alto num produto de baixo valor agregado como o nosso, o impacto do preço do frete é muito grande. Em países desenvolvidos há uma maior capilaridade logística para escoamento de produtos. Aqui no Brasil, a dependência do transporte rodoviário ainda é muito grande. Como representante das 220 cooperativas do Paraná, sendo 70 delas ligadas ao agronegócio, vemos com bons olhos e apoiamos a construção deste plano ferroviário conjunto, que vai tornar nossos produtos muito mais competitivos”, resumiu.

“Iniciativas como esta são extremamente importantes para construção do Plano Ferroviário Paranaense. É a oportunidade que todas as entidades têm de debater para construir o futuro das ferrovias no estado”, completa Giana Custódio, gerente de Relações Governamentais da Rumo Logística.  




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