Modelo em expansão nos Estado Unidos, o aluguel de carros
a longo prazo começou a ser um plano de negócio maior nas grandes cidades brasileiras. Até algum tempo, as agências de locação do país se restringiam ao aluguel de veículos por curtos períodos, mas o sucesso relativo das homônimas estadunidenses fez com que
empresários brasileiros apostassem na ideia.

Nos EUA, o modelo começou durante a crise financeira
de 2008, em que a indústria automobilística sofreu um rápido declínio na venda de carros novos e, consequentemente, diminuiu o volume de veículos novos em oferta, aumentando os seus preços. Com isso, não apenas houve uma corrida por carros seminovos e usados,
mas empresas de aluguel viram uma oportunidade para baixar os valores dos aluguéis. Assim, eles se transformaram em uma opção mais barata do que a compra e a manutenção de um veículo novo.

Desde 2014, diversas
startups
estadunidenses entraram no negócio oferecendo uma assinatura de carros, em que o cliente paga mensalmente para ter acesso a uma frota de automóveis disponível no plano escolhido. Então, o veículo fica com o cliente durante o período estabelecido pela operadora
de serviço. Além de ter um “cardápio” à disposição, outro benefício é a comodidade, já que seguro, manutenção e tributos ficam por conta da empresa -- empresas de
aluguel
de carros em SP já trabalham nesse esquema.

O modelo de
vehicle subscription,
como é conhecido nos EUA, atende diversos públicos, com carros mais simples e com valores atraentes até automóveis mais caros e luxuosos. A primeira fabricante a apostar na assinatura de carros foi a Cadillac: em janeiro de 2017, ela lançou o programa “Book
By Cadillac”, em que o cliente poderia escolher entre cinco modelos por uma mensalidade de US$ 1,5 mil (R$ 5,6 mil).

Há alguns anos, o Brasil também passou por uma grave
crise no setor automobilístico depois de uma grande bolha de consumo. A venda de carros diminuiu drasticamente, representando um encolhimento de mais de 40% do mercado e inflacionando o ritmo dos preços dos carros usados na mesma medida em que desenvolvia
o modelo de aluguel. 

Em geral, de acordo com os analistas de
leasing
de carros, pagar o aluguel de um carro zero quilômetro durante dois anos é mais barato do que comprar um carro equivalente com todos os custos extras e impostos incluídos. Indica-se uma economia que pode chegar até a 25% do valor gasto com a compra de um automóvel
zero quilômetro. Adicionalmente, se considerar a rápida desvalorização dos carros usados e os juros praticados para o financiamento de um novo veículo, a economia pode ser ainda maior. 

Para alguns tipos de usuários, portanto, as vantagens
econômicas de alugar um veículo a longo prazo são evidentes: se somadas, as comodidades deste tipo de contrato de locação, que, além de eximir o consumidor de uma série de responsabilidades e burocracias, garantem a substituição imediata do veículo em caso
de qualquer problema mecânico, são maiores do que ter um automóvel. 

Além disso, as empresas apostam na visão de mundo dos
millennials:
diversos estudos e pesquisas indicam que a felicidade deles está mais atrelada às experiências do que à posse de bens. A plataforma de eventos Eventbrite chegou a essa conclusão em um estudo feito nos EUA com pessoas nascidas entre 1980 e 2000 que concluiu
que 78% deles disseram que preferem gastar dinheiro com experiências e não com objetos. A felicidade é representada por termos como “criar” e “compartilhar”.

Especialistas, no entanto, orientam que as escolhas de
compra não dependem apenas de cálculos racionais. O sonho do carro próprio constitui ainda um poderoso motor de vendas na indústria automobilística do país, por exemplo. Pagar para ter ainda é mais plausível para os consumidores brasileiros de carros do que
pagar para usar.