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Curitiba,20/04/2024

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Como o Japão abastece o mundo com carros usados

Veículos chegam a portos chilenos para abastecer mercados de países como Bolívia, Peru e Paraguai


Como o Japão abastece o mundo com carros usados (Crédito: Divulgação)

Em 2014, Japão vendeu 712 mil carros, caminhões e ônibus
usados. Combinados com 150 mil unidades que são enviadas à Rússia de navio anualmente e outras 150 mil que saem da ilha nipônica para vários lugares do mundo, mas não aparecem nas estatísticas oficiais por causa dos seus baixos valores, a estimativa é que
aproximadamente 1 milhão de veículos usados tenham deixado o país naquele ano.


Veículos feitos no Japão possuem uma forte demanda fora
do país por sua reputação como carros duradouros e porque, nos últimos anos, os fabricantes locais passaram a montar veículos movido flex, movidos a
gasolina
ou etanol
.


O fato que muitos motoristas japoneses são inclinados
a comprar novos modelos anualmente é outro fator para que os consumidores estrangeiros busquem carros baratos na ilha asiática, segundo especialistas.


"No Japão é fácil encontrar carros com até 100 mil quilômetros.
Fora de lá, as pessoas costumam dizer que os veículos japoneses podem ser usados até 400 mil quilômetros", conta Hérico Maehara, que viveu oito anos em Sapporo, cidade a 100 quilômetros de Tóquio, mas que voltou ao Brasil há alguns meses para casar com uma
brasileira.


Os carros vão parar em vários países do mundo: do Sri
Lanka a Moçambique, dos Emirados Árabes Unidos a Bolívia. Neste último, por exemplo, o negócio começou a encontrar barreiras: em janeiro de 2015, o governo decidiu proibir a importação de carros com mais de dois anos de uso. Antes, uma lei de 2009 já havia
exigido que apenas veículos com menos de três anos de uso poderiam entrar no país - uma iniciativa que visava melhorar os índices de emissão de gás carbônico na atmosfera, além de equilibrar o trânsito nas principais cidades bolivianas.


O Paraguai hoje é o principal destino sul-americano de
carros usados do Japão e dos Estados Unidos, muito por causa de uma legislação mais flexível. Os veículos chegam por meio de Iquique, porto chileno que abastece o mercado de automóveis usados do continente -- eles são conhecidos como "autos de Iquique" --
, onde são postos em circulação depois de uma viagem de meses pelos oceanos e uma transformação -- do lugar do volante aos motores -- para rodar nas cidades paraguaias.


"Ninguém é bobo e todo mundo sabe que os preços que oferecemos
são bons", explicou à agência espanhola Efe Francisco López, dono de um negócio em Assunção que vende carros usados comprados do Japão, da Coreia do Sul e dos EUA. Os veículos custam cerca de US$ 7,4 mil (R$ 29,6 mil na cotação de maio), segundo ele.


"O problema é que o mercado vai se tornando menor, porque
muitas pessoas perceberam a rentabilidade do negócio", admitiu ele que, segundo a Efe, trabalha há 17 no ramo.


O aumento da importação desses veículos se ampara em
uma legislação propícia: o Paraguai permite a compra de unidades com dez anos de uso, enquanto o Peru limita esse número a cinco anos -- países como a Argentina e o Brasil proíbem esse tipo de negócio.


No Brasil, comprar carros usados do Japão é difícil por
dois motivos: há uma indústria de veículos consolidada no país -- que inclusive exporta para os vizinhos e atende com sobras o mercado nacional -- e os revendedores japoneses não costumam incluir os negociantes brasileiros nos leilões.




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