A Associação Nacional de Travestis e Transexuais, ou ANTRA, com toda razão, chamou a atenção da autora da novela “A Força do Querer” da TV Globo, Gloria Perez, por alguns equívocos da autora principalmente em relação a explicar à população sobre travestis, e também a necessidade de se deixar clara a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual na novela que – devemos reconhecer, é verdade – tem a ousadia de tocar neste tema ainda tão cercado de ignorância em horário nobre entrando em todos os lares do Brasil.

Um dos erros seria por em um dos capítulos da novela, a travesti interpretada por Silvero Pereira, Elis Miranda, chegou a dizer que travestis são “gays” e “transformistas” e que transgêneros não fazem mudanças corporais. Quem também se mostrou preocupado com os enganos de Glória foi o homem trans mais famoso do Brasil, o escritor João W. Nery, que afirmou: “Desde quando travesti não é transgênero? Alguma coisa está errada aí!”.

Ainda sobre a abordagem de travestis na trama, a ANTRA corrigiu Gloria: “Quando se refere a travestis, a novela se perde numa profusão de diálogos e conceitos que não ajudam em nada essa população e acaba complicando ainda mais o trabalho que temos desenvolvido ao longo de anos, que é o de tirar o estigma que este termo representa. O conceito tão mal empregado no Aurélio e que nos elimina enquanto identidades políticas, do campo das feminilidades”.

A entidade entretanto, finalizou o texto de maneira amigável e se mostrando disposta a ajudar a autora: “Queremos contribuir para que a novela de fato possa ser um canal de entretenimento e também educativo diante dessa complexidade que são as identidades de pessoas trans, população tão vulnerável devido à exclusão provocada pela transfobia […] Nos colocamos à disposição para dialogar mais e aproveitar sobremaneira a oportunidade trazida pela autora, mas vimos através da nota expor não um incômodo pessoal, mas de inúmeras travestis por esta entidade nacional representadas Brasil afora.”

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