Pela primeira vez na história do município da Lapa as barreiras de gênero foram judicialmente quebradas. Gleisy Vidal Lopes, que antes respondia em registro como pertencente ao sexo masculino, foi a primeira transexual da cidade a ter seu nome e gênero alterado em documento.

A sentença do processo de retificação já foi emitida e agora Gleisy está na fase final dessa longa e árdua jornada. Com o novo documento ela passará a ter registo do nome oficial, constando como pertencente do sexo feminino mesmo sem a necessidade de cirurgia.

Para coordenador do grupo Ruído Rosa – LGBT Lapa, João Andirá, esse é um passo muito importante para o município, pois reflete que há uma disposição do poder público em atingir essas conquistas igualitárias. A partir disso, novos pilares sociais são construídos e é necessário que cada parte se adapte para garantir o respeito à igualdade e aos direitos de todos.

Esse é um processo de luta diária em prol da humanização, porém, Andirá relembra que uma das principais questões que ainda precisamos avançar é a do emprego. “É necessário destruir a concepção de que a orientação sexual distingue um bom profissional, pois o gênero não altera nenhum traço da personalidade e do caráter do indivíduo”, completa.

Quanto a isso, a coordenadora de Igualdade de Gênero e Promoção à Cidadania, Carin Kleinschimidt, declara que “a mudança de nome e de gênero pode parecer um detalhe para a maioria das pessoas, porém para Gleisy significa a possibilidade de viver dignamente e exercer completamente seus direitos, protegendo-a das situações que causam constrangimentos, humilhações, preconceito, discriminação”.

Considerando então, que o nome é o que nos identifica diante da sociedade, uma das principais violações de direitos da população transexual é o uso de um nome que não corresponde a sua identidade. Com o decorrer desse processo, Gleisy afirma que “agora minha vida terá um novo começo, uma nova história, um novo nascimento”.