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Curitiba,19/04/2024

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Crises passadas alertam contra o bitcoin

Apesar dos claros sinais de risco de formação de bolha financeira, investidores se deixam contaminar pela febre da moeda virtual, que ameaça a economia real


Crises passadas alertam contra o bitcoin

Entusiasmados, investidores em todo o mundo estão apostando no bitcoin, a moeda virtual que virou febre e cuja cotação bateu novo recorde ontem, em negociação em Nova York, avançando 23%, para US$ 16.374, segundo o Bloomberg Prices. Dificilmente se conceberia, no caso deste novo fetiche do mercado financeiro, uso mais apropriado da hipérbole: sua valorização só este mês já se aproxima dos 70% e, no ano, ultrapassa os 1.500%, com uma capitalização de US$ 274 bilhões.


Já há agente financeiro apostando que a moeda alcançará o patamar dos US$ 150 mil no fim de 2018, quando provavelmente sua operação estará sendo gerida por Bolsas de mercados futuros e receberá o reforço de produtos derivativos, capazes de atrair grandes grupos financeiros. O bitcoin se tornou um fetiche não só por sua rápida valorização, mas também pelo ineditismo tecnológico, que molda o seu caráter virtual: uma moeda simultaneamente “na nuvem” e “nebulosa”.


Os sintomas clássicos de uma bolha financeira estão evidentes, mas a eficácia do sortilégio consiste justamente em cegar aqueles movidos pelo sonho de riqueza instantânea. O problema, como ocorreu na crise das subprimes (hipotecas de tomadores de empréstimo de alto risco lastreadas em papéis podres), em 2008, é sua capacidade de contágio da economia real. É o caso de evocar a velha expressão do ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Alan Greenspan: “exuberância irracional”.


A crise provocada pelo estouro de uma bolha financeira inflada pela febre de negócios com tulipas, no início do século XVII, provocou a ruína do mercado na Holanda e impôs uma recessão ao país. A quebra de Wall Street, em 1929, também derivou de uma bolha. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta, por sua vez, que com a globalização das finanças e instrumentos tecnológicos inéditos, tais ciclos passaram a ocorrer com maior frequência e capacidade de contágio, turbinando e extrapolando os mercados convencionais de ações, câmbio e commodities.


Vale lembrar os exemplos do estouro da bolha das empresas Ponto.Com, em 1999, com a aposta na valorização das empresas tecnológicas. Na crise financeira mundial, no final dos anos 2000, a expectativa de ganhos irreais veio de modelos matemáticos considerados infalíveis. Acabou derrubando vários fundos de hedge, inclusive o Long Term Capital Management (LTCM), que tinha em seu conselho Myron Scholes e Robert Merton, ganhadores do prêmio Nobel de Economia de 1997. Os dois casos devastaram mercados e afetaram a economia real.


E outros exemplos se sucedem numa longa lista. Da mesma forma como persiste o fetiche da riqueza fácil. O agravante é a atual conjuntura de excessiva liquidez no mundo e, no caso dos EUA, de pressão do governo Trump para afrouxar a regulação do setor. Menos mal que órgãos reguladores estão alertando que os mercados ainda não estão preparados para a moeda virtual.




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